Há quatro anos estávamos buscando virar votos para Haddad, em uma campanha onde Lula estava preso para não disputar. Falávamos na época sobre o significado de eleger alguém como o atual presidente, mas não imaginávamos, por exemplo, o que ele (não) faria em meio a uma pandemia global. Não fazíamos ideia de que ele faria chacota das pessoas que morreram em decorrência do Covid ou que sequer faria esforços para a compra de vacinas.
Não é com alegria que constatamos que ele foi pior do que o que imaginávamos, mesmo com nossa expectativa baixíssima. Agora, em meio a mais uma campanha para presidente, eu e muitos colegas escolhemos bem onde e com quem vamos nos posicionar.
Há algumas semanas falava sobre isso com uma amiga e também professora. Ela citava que um colega assegurava a permanência do atual presidente no governo por ter como parâmetro as ruas: centenas de carros com adesivos e bandeiras passando diariamente pelas ruas da cidade com a foto do energúmeno ao lado do energúmeno número dois e candidato a governador de Alagoas, Collor. Porém, ponderei: de fato, vemos muitas manifestações de voto para a dobradinha Chernobyl. Contudo, quem vota em Lula nem sempre se manifesta publicamente por medo de retaliações. Minha colega concordou, não adesivou seu próprio carro por medo de depredação. Há pouco, uma professora da instituição em que estudo teve o carro arranhado por conter um adesivo favorável à candidatura de Lula. Eu mesma compareci ao evento com a presença de Lula em minha cidade, mas apenas lá exibi minha camiseta vermelha, até então protegida pelo blazer rosa.
Infelizmente estamos vivendo assim, sem poder manifestar publicamente nossas ideias, ou fazendo-o com muita cautela. Apenas um lado pode se manifestar sem medo por ser o lado que tem violado direitos dos demais. Na última eleição, me lembro bem, muitos vídeos de pessoas usando armas de fogo para teclar na urna eleitoral o número 17 circularam nos grupos de Whatsapp e depois chegaram ao Twitter. Quando nos indignamos com a simbologia dessa ação, sabíamos onde isso ia chegar.
Agora, quatro anos depois, a arma que, literalmente, ajudou a eleger o atual presidente é a mesma que mata um guarda municipal em sua festa de aniversário, é a mesma que atenta contra a vida de uma vice-presidente mulher no país vizinho, é a mesma que ameaça e tira a vida de indígenas no coração do país e é a mesma que nos amedronta e nos faz pensar duas vezes sobre nossas falas e posicionamentos em público.
Espero, honesta e desesperadamente, que nessa eleição a arma que chegue em frente as urnas seja o senso crítico.
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