Se eu perguntar para dez mulheres que já viveram relações abusivas quais os comportamentos e manejos de seus ex, elas, com certeza, apontarão características iguais.
Quando eu falo sobre relações abusivas, comumente ouço “o meu ex-namorado também fazia isso”, “meu ex-marido falava a mesma coisa”, “comigo aconteceu igual”.
Ao dividir a experiência que vivi, meu objetivo é abrir os olhos de outras mulheres para violências sutis que eu mesma demorei a identificar. Dessa forma, muitas mulheres também falam sobre suas vivências e vemos muitas coisas em comum na forma como homens nos violentaram.
Brinquei uma vez: “até parece que a gente namorou o mesmo cara, né?”. Será que todas nós nos relacionamos com o mesmo homem abusivo?
Pergunto isso porque, comumente, os homens se ofendem quando falamos que algo no comportamento deles é ofensivo, invasivo, violento. Eles sempre são a exceção. Então, se tantos homens não são abusivos, namoramos o único cara no mundo que é?
Como podemos ter as mesmas experiências negativas?
A resposta é simples: socialização masculina.
Os homens são socializados para gritarem com as mulheres sem serem questionados. São socializados a naturalizarem infidelidade, desde que parta deles, caso contrário reagem com violência. São criados desde a infância com o estigma de que as mulheres são corpos criados para satisfazer seus desejos e vontades. É cultural que tantos homens tenham comportamentos tão parecidos contra nós. Não namoramos o mesmo cara. Nos relacionamos com indivíduos que passaram pela mesma socialização e, portanto, não nos enxergam como pessoas de valor.
Eles afirmam que amam e respeitam as mulheres, mas que elas são temperamentais, sensíveis demais, irracionais, desequilibradas, menos competentes, traiçoeiras: a socialização está lá. Explícita ou velada. Ela não falha.
Cabe a nos questionarmos e agirmos pela mudança.




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